|Blog A Outra Visão|
Blog de portfólio do jornalista Franco Serrano

24 janeiro, 2013

O dia em que o Verdão parou



A frase dita pelo personagem extraterrestre Klaatu, interpretado por Michael Rennie, no filme ‘O dia em que a terra parou’, de 1951, se aplica ao momento do Palmeiras. “Somente à beira do precipício, são encontradas forças para uma grande mudança de atitude”. O início de uma revolução está prestes a acontecer. As cabeças que não pensaram anteriormente no clube o fizeram padecer. Hoje, este gigante está pequeno, reduzido, mas as últimas movimentações dão conta que muitas coisas mudarão dentro da Sociedade Esportiva Palmeiras.

Desde o fim da gestão Parmalat, em 2000/2001, o Palmeiras está à deriva em alto mar, como disse o novo presidente, e precisou de 12 anos para que essas mudanças acontecessem. Descobriram o que a torcida já sabia há muito tempo. Sem profissionalização e modernidade não é possível sequer sobreviver no futebol profissional.

No final do ano o movimento pró-diretas no clube ficou muito forte e a pressão sobre os conselheiros para votar a alteração estatutária foi inevitável. Aliás, o fato de apenas os conselheiros poderem votar para o executivo-administrativo de um clube deste tamanho de capital social, é ditatorial, uma total falta de democracia com os detentores de títulos patrimoniais do Palmeiras.

O Palmeiras é responsável pela 4ª maior torcida do país. Em números, estima-se que a torcida tenha entre 8 e 10 milhões de torcedores, o que significa 8 a 9% dos torcedores brasileiros. A marca, apesar de prejudicada com os recentes acontecimentos, é valiosíssima em termos de marketing e vendas. O patrimônio social do clube é gigantesco, ainda mais com a nova W-Torre Arena Palestra, que segundo o ministro Aldo Rebelo, será um dos estádios de futebol mais modernos do mundo. E fica a pergunta: Porque um clube deste tamanho, que mais vende camisas, que tem o segundo maior patrocínio entre os clubes brasileiros, estava praticamente à bancarrota?

As últimas gestões – Della Monica, Belluzzo, Palaia e Tirone – foram desastrosas do ponto de vista financeiro e social. Atenção à gestão Tirone, que apesar de adiantar as obras sociais do clube, deixou o clube em situação financeira muito complicada.

A esperança depositada no professor Belluzzo, economista e falastrão em 2009, foi proporcional à decepção da torcida ao final da sua gestão, que por problemas de saúde não foi nem concluída – Salvador Hugo Palaia assumiu ao fim do mandato – Belluzzo que prometeu uma revolução financeira e social, não o fez, devido aos movimentos de oposição, forte em torno dele no seu biênio.

O fato é que desacreditada com as falhas e problemas políticos do mandato de Belluzzo, no último pleito, o ‘garoto’ Paulo Nobre, também envolvido com mercado financeiro, piloto de rally, cheio de tatuagens e ideias novas não empolgou, e não angariou o apoio político necessário, perdendo por larga margem para Arnaldo Tirone.

A história provou que desta vez os conselheiros tinham errado. Começara então a pior gestão da história do clube. No fim das contas, este precipício veio a calhar, pois só assim houve a grande pressão para que as 'Diretas’ fossem instauradas, a partir de 2014 e que o ‘moleque’ Nobre, chegasse não para ser o salvador da pátria, mas sim, para fazer do Palmeiras o que ele jamais deveria ter deixado de ser.

Com 44 anos, com um projeto audacioso, Paulo de Almeida Nobre, deixa as competições internacionais, a compra e venda de ações na bolsa para se dedicar exclusivamente ao que ele diz ser sua maior paixão: o Palmeiras.

As boas intenções estão estampadas em seu semblante, um pouco atordoado, pelo fato de ‘a ficha ainda não ter caído’. “O Palmeiras não tem que ter a minha cara. O Palmeiras tem que ter a cara do Palmeiras. Essa é a hora em que nós trabalhamos para o clube aparecer e os dirigentes sumirem da mídia. Quem tem que aparecer é jogador e técnico.” Afirmou o presidente na segunda coletiva após a eleição.

Segundo seu plano de governo, ele vê na figura do Manager a principal tática de mudança para levar o clube para o séc. XXI. “Por enquanto não há um profissional com essas características no mercado brasileiro, vamos seguir procurando, enquanto isso eu vou tomar a frente do futebol.”

Já no segundo dia de mandato ele anunciou José Carlos Brunoro como gerente executivo do clube. Pensando não só em futebol, mas também em esportes olímpicos. Brunoro trás consigo uma vasta experiência em cargos administrativos, e fora o fato de já ter trabalhado no clube de 1992 a 1997, época da vitoriosa parceria com a Parmalat. Brunoro foi o primeiro grande acerto de Nobre na presidência, que, aliás, um acerto que já valeu mais benefícios ao clube do que toda a gestão do seu antecessor.

Brunoro tinha seu próprio projeto, de clube totalmente profissional e independente, o Audax, que possui um clube em São Paulo e outro no Rio. Além de ex-técnico de vôlei e consultor executivo da Confederação Brasileira de Basquete (CBB).

O Diretor de futebol, ao que se especula deve ser também do Audax, Thiago Scuro, dadas as características já fornecidas por Brunoro, um nome jovem, articulado e de boas ideias.

Afirmando que é loucura neste momento, o presidente Nobre disse que por momento não poderá trazer Riquelme. Mas fica na expectativa de que reforços pontuais cheguem antes da estreia na Copa Libertadores, em 14 de fevereiro, contra o Sporting Cristal.

E dessa forma parece que novos tempos vão dar as caras no Palestra, já que os principais rivais, São Paulo, Santos e principalmente o Corinthians estão largos passos à frente do alviverde da zona oeste.

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