A frase dita pelo personagem extraterrestre Klaatu, interpretado
por Michael Rennie, no filme ‘O dia em que a terra parou’, de 1951, se aplica
ao momento do Palmeiras. “Somente à beira do precipício, são encontradas forças
para uma grande mudança de atitude”. O início de uma revolução está prestes a
acontecer. As cabeças que não pensaram anteriormente no clube o fizeram
padecer. Hoje, este gigante está pequeno, reduzido, mas as últimas
movimentações dão conta que muitas coisas mudarão dentro da Sociedade Esportiva
Palmeiras.
Desde o fim da gestão Parmalat, em 2000/2001, o Palmeiras
está à deriva em alto mar, como disse o novo presidente, e precisou de 12 anos
para que essas mudanças acontecessem. Descobriram o que a torcida já sabia há
muito tempo. Sem profissionalização e modernidade não é possível sequer
sobreviver no futebol profissional.
No final do ano o movimento pró-diretas no clube ficou muito
forte e a pressão sobre os conselheiros para votar a alteração estatutária foi
inevitável. Aliás, o fato de apenas os conselheiros poderem votar para o
executivo-administrativo de um clube deste tamanho de capital social, é
ditatorial, uma total falta de democracia com os detentores de títulos
patrimoniais do Palmeiras.
O Palmeiras é responsável pela 4ª maior torcida do país. Em números,
estima-se que a torcida tenha entre 8 e 10 milhões de torcedores, o que
significa 8 a 9% dos torcedores brasileiros. A marca, apesar de prejudicada com
os recentes acontecimentos, é valiosíssima em termos de marketing e vendas. O patrimônio
social do clube é gigantesco, ainda mais com a nova W-Torre Arena Palestra, que segundo o ministro Aldo Rebelo, será um dos estádios
de futebol mais modernos do mundo. E fica a pergunta: Porque um clube deste
tamanho, que mais vende camisas, que tem o segundo maior patrocínio entre os
clubes brasileiros, estava praticamente à bancarrota?
As últimas gestões – Della Monica, Belluzzo, Palaia e Tirone
– foram desastrosas do ponto de vista financeiro e social. Atenção à gestão
Tirone, que apesar de adiantar as obras sociais do clube, deixou o clube em
situação financeira muito complicada.
A esperança depositada no professor Belluzzo, economista e falastrão em 2009, foi proporcional à decepção da torcida ao final da sua gestão, que por problemas de saúde não foi nem concluída – Salvador Hugo Palaia assumiu ao fim do mandato – Belluzzo que prometeu uma revolução financeira e social, não o fez, devido aos movimentos de oposição, forte em torno dele no seu biênio.
O fato é que desacreditada com as falhas e problemas políticos
do mandato de Belluzzo, no último pleito, o ‘garoto’ Paulo Nobre, também
envolvido com mercado financeiro, piloto de rally, cheio de tatuagens e ideias
novas não empolgou, e não angariou o apoio político necessário, perdendo por
larga margem para Arnaldo Tirone.
A história provou que desta vez os conselheiros tinham
errado. Começara então a pior gestão da história do clube. No fim das contas,
este precipício veio a calhar, pois só assim houve a grande pressão para que as
'Diretas’ fossem instauradas, a partir de 2014 e que o ‘moleque’ Nobre,
chegasse não para ser o salvador da pátria, mas sim, para fazer do Palmeiras o
que ele jamais deveria ter deixado de ser.
Com 44 anos, com um projeto audacioso, Paulo de Almeida
Nobre, deixa as competições internacionais, a compra e venda de ações na bolsa
para se dedicar exclusivamente ao que ele diz ser sua maior paixão: o
Palmeiras.
As boas intenções estão estampadas em seu semblante, um pouco atordoado, pelo fato de ‘a ficha ainda não ter caído’. “O Palmeiras não tem que ter a minha cara. O Palmeiras tem que ter a cara do Palmeiras. Essa é a hora em que nós trabalhamos para o clube aparecer e os dirigentes sumirem da mídia. Quem tem que aparecer é jogador e técnico.” Afirmou o presidente na segunda coletiva após a eleição.
Segundo seu plano de governo, ele vê na figura do Manager a principal tática de mudança
para levar o clube para o séc. XXI. “Por enquanto não há um profissional com
essas características no mercado brasileiro, vamos seguir procurando, enquanto
isso eu vou tomar a frente do futebol.”
Já no segundo dia de mandato ele anunciou José Carlos
Brunoro como gerente executivo do clube. Pensando não só em futebol, mas também
em esportes olímpicos. Brunoro trás consigo uma vasta experiência em cargos
administrativos, e fora o fato de já ter trabalhado no clube de 1992 a 1997,
época da vitoriosa parceria com a Parmalat. Brunoro foi o primeiro grande
acerto de Nobre na presidência, que, aliás, um acerto que já valeu mais
benefícios ao clube do que toda a gestão do seu antecessor.
Brunoro tinha seu próprio projeto, de clube totalmente
profissional e independente, o Audax, que possui um clube em São Paulo e outro
no Rio. Além de ex-técnico de vôlei e consultor executivo da Confederação
Brasileira de Basquete (CBB).
O Diretor de futebol, ao que se especula deve ser também do Audax,
Thiago Scuro, dadas as características já fornecidas por Brunoro, um nome
jovem, articulado e de boas ideias.
Afirmando que é loucura neste momento, o presidente Nobre
disse que por momento não poderá trazer Riquelme. Mas fica na expectativa de
que reforços pontuais cheguem antes da estreia na Copa Libertadores, em 14 de fevereiro,
contra o Sporting Cristal.
E dessa forma parece que novos tempos vão dar as caras no
Palestra, já que os principais rivais, São Paulo, Santos e principalmente o Corinthians
estão largos passos à frente do alviverde da zona oeste.
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